Os últimos truques dos instantes
finais da oligarquia Sarney
O velho senador caxiense, Alexandre
Costa, político experimentado e com muito faro das vetustas raposas, místico da
junção das duas figuraras proeminentes da política do Maranhão nos anos 50 e 60
(Vitorino Freire e José Sarney), costumava afirmar em rodas de conversas com
amigos e correligionários que ‘o Sarney só perderia o comando do domínio da política
do Maranhão quando morrer’.
Os tempos
passaram, e o Senador Sarney, efetivamente, a partir de 1965, quando se elegeu
governador do estado, comandou todos os detalhes da política local, ainda que
enfrentando alguns hiatos, tipo a escolha de Nunes Freire para governador,
feita ao sabor dos militares, contrariando-o; e a eleição de Jackson Lago para
o governo em 2006. No primeiro dos detalhes, desenvolveu uma insana perseguição
ao Nunes Freire, deixando-o definhado na condução dos destinos do Maranhão. Com
Jackson Lago, não pestanejou, definiu pela sua cassação, inclusive, escolhendo
o mês (abril de 2009), como nos afirmou um deputado federal do grupo, lá em
Brasília, muito embora o desfecho tenha ocorrido um pouco antes.
Então, a
trajetória de mandonismo político do Sarney vem desde a sua suplência de
deputado federal nos idos tempos da década de 50, até agora, quando ele, ainda “bem
vivinho e velhaco”, haverá de sofrer sua derrota política mais retumbante, e em
vida, contrariando o vaticínio do falecido senador Alexandre Costa.
Essa longa vida política do soba maranhense, seus
amigos e adversários são sabedores, é toda ela pontilhada pela esperteza, e
muito pouco de argúcia republicana. Sempre foi aquele político que, como nos
disse o mesmo deputado federal do grupo Sarney, com o qual trabalhamos por um
pequeno tempo na Câmara dos Deputados, faz o “serviço do mal” no tempo, no lugar, na ocasião, com os
meios e com a pessoa certa.
O senador Sarney é o mestre dos truques na política. Ninguém conseguiu
superá-lo nesse mister. De governador do estado a presidente da República, o
estratagema foi se aperfeiçoando a cada momento em que sua sobrevivência esteve
em jogo.
E agora, nesta
eleição, que já se apresenta como sendo vitorioso o candidato a governador Flávio Dino – PC do B, o régulo da última e cruel oligarquia brasileira já montou sua oca
no mirante dos assombrados umbrais do
Calhau, e de lá comanda toda uma bem pensada e meticulosamente dosada série
de truques dos instantes finais dos últimos
momentos do agonizante ancien regime que ele estabeleceu
aqui há 50 anos.
Alguns dos
truques já foram bem percebidos. Ele, Sarney, aniquilou com o Luís Fernando, então candidato da sua
filhinha dondoca, a desprestigiada, porém, muito rica, governadora Roseana,
pois, a desenvoltura do professor e ex-prefeito de São José de Ribamar foi
capaz de revoltar o velho coronel, que o tirou sem mínimas cortesias de
correligionário.
Nessa senda de
escolha do candidato do grupo ao governo do estado, algo que a quase senectude
do velho líder do patrimonialismo maranhense não esperava, surge a figura do
presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo
Melo, que sabendo da estatura do seu cargo e, portanto, o sucessor natural
da governadora, caso ela resolvesse sair para a disputa de um mandato ao
senado, endureceu o jogo, e contou com um amplo apoio dos seus pares. E, assim,
as manobras para colocar um governador-tampão,
estranho ao ninho dos parlamentares,
não vingaram.
O tempo
correndo, e o velho e carcomido senador não consegue uma boa alternativa de
candidatura ao governo, de preferência que não tivesse muita identidade com a família Sarney. Não houve outro
caminho. Foram encontrar no suplente de senador, Edson Lobão Filho, a saída honrosa de sobrevivência da longeva oligarquia.
Com mais esse truque, faltava algo de complementação. O deputado Arnaldo Melo, que ousou contrariar os interesses
do senador amapaense, seria o vice do
Edinho, apenas para morrer enforcado, pois, perderia o
mandato, com uma reeleição praticamente certa, inclusive, para voltar à
presidência do legislativo, fato que se constata cristalinamente com o caminhar
dos dias até a eleição de 05 de outubro vindouro.
Sabendo-se que
esse truque é o do espécime androfagia, o criador comendo
as criaturas: colocou Edinho Lobão, que
morrerá no pleito; que matará também Arnaldo
Melo, sobrando, apenas, o Lobão que,
mesmo retornando ao senado, estará morto politicamente. Tudo isso na seara
interna do canibalismo sarneysta.
Ao público
externo, o magnata do extinto Banco
Santos tem seus truques bem
refinados para impactar o subconsciente dos maranhenses e, com isso, tentar
reverter ao máximo os elevados percentuais de votos favoráveis ao Dr. Flávio Dino.
Nessa última semana, o velho coronel
fará, como sempre fez, umas cinco reuniões regionais com os prefeitos que
apoiam o seu grupo, onde dará as ordens, em alguns casos, e, em outros, será
uma espécie de mendigo eleitoral:
vai implorar para que velhos aliados, correligionários e os prefeitos
recalcitrantes não o abandonem neste momento muito difícil para ele. Nisso ele
é um craque. Chora como um bezerro
desmamado. Acreditem.
Os dois mais recentes
truques: o vídeo do chileno assaltante e o da vistoria da Polícia Federal no avião do Edinho Lobão (ou acham que não foi truque dele?), foram apenas os dois grandes ensaios para o
picadeiro final. Podem anotar, salvo se esta simplória missiva, deste
desconhecido e fraco analista político e Advogado, tiver a sinergia de ajudar a
impedir o “grande lance emocional” dos instantes finais dos últimos momentos da
oligarquia Sarney.
Como ele mesmo
se declara hipocondríaco, haveremos de assistir pela televisão dele, pela
cadeia de rádio de que é dono, e por todos os canais de notícias, redes sociais
etc a ‘terrível notícia’: Acaba de ser
internado, às pressas, o senador José Sarney. Ele passou muito mal e foi levado, em estado grave, para o
hospital...!!!
É um fato absolutamente possível (lembremos das eleições de sua filha).Imaginemos esse truque, que certamente já se encontra todo montado, sendo
repercutido todos os dias, até
momento da eleição, com altos picos de
sensacionalismo, tais como: o
ex-presidente José Sarney deverá seguir para o Hospital Sírio Libanês, em São
Paulo, pois, o seu ‘estado (igual ao Maranhão) é muito grave’.
No Maranhão até o céu mente como
predisse o Padre dos Sermões.
Vislumbremos o estado de desespero dessa gente, acostumada aos privilégios e a corromper o erário, vendo o mundo
escapar-lhe aos pés no dia 05 de outubro, do que não é capaz só Deus sabe.
Por Petrônio Alves
Um comentário:
Texto de veemência apocalíptica....
Parabéns :)
Maurício P. Macedo
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