Próximo de completar 10 anos de
existência, partido pretende replicar pelo país gestão em Macapá.
O
PSol chega aos nove anos de fundação e oito anos de registro contabilizando
êxitos e cogitando voltar a concorrer à Presidência da República em 2014
(disputou em 2006 com Heloísa Helena). Os quatro representantes do partido no
Congresso – três deputados federais e um senador – figuram na lista dos
parlamentares mais bem avaliados. Entre as duas prefeituras conquistadas em
2012, uma é de capital, Macapá (AP). E em pelo menos quatro outras capitais,
vereadores do partido estiveram entre os mais votados. Se não “arrasa
quarteirão”, como siglas mais novas, a exemplo do PSD, o PSol se firmou como
uma legítima força de esquerda, ocupa espaço no segmento mais crítico da
sociedade e conquistou fatia do chamado voto de opinião.
No
próximo ano, quando completa uma década, deve entrar na disputa pelo Planalto
tendo “o modo PSol de governar” como cartão de visita. Na Câmara, a meta é
chegar a seis deputados, dobrando a bancada. Na cabeça da chapa presidencial
pode estar ou deputado federal Chico Alencar (RJ) ou o senador Randolfe
Rodrigues (AP). No conteúdo programático, a experiência de Macapá. “Em seis
meses de gestão, instalamos em Macapá o ‘congresso da cidade’, com plenárias em
todos os distritos. Elegemos 700 delegados que não estão só debatendo obras. O
Plano Plurianual (PPA) é analisado e votado. Não só parcelas de recursos entram
em debate, mas o orçamento e o planejamento inteiros”, informa Edilson Silva,
secretário-geral do partido.
O
envolvimento da população na administração é, segundo Silva, um aspecto que, de
certo modo, está ajustado às reivindicações das ruas, que apontam para o
enfraquecimento da democracia representativa. “As pessoas já não só querem mais
votar num representante simplesmente, mas discutir questões da cidade e decidir
juntos”. Ele observa que, com o Orçamento Participativo, o PT se aproximou do
que quer hoje a juventude, mas se perdeu por ter transformado o programa num
“aparelho” do partido.
A
referência ao PT, sempre presente no PSol, é natural para uma sigla que nasceu
de uma cisão petista. No entanto, a preocupação em avançar sobre pontos do PT
não faz parte da cartilha do psolista. “Temos construído o partido num momento
em que os setores mais esclarecidos estão apáticos em relação à política. O
contexto em que o PT surgiu foi favorável à mobilização de sindicatos e
movimentos sociais, que hoje estão escaldados, desiludidos. O PT, a cada
episódio negativo, vai apodrecendo e gerando uma diluição do que é esquerda e
direita. Mas temos tido inserção nos movimentos sociais e conseguido eleger
quadros que têm quadros com mandatos exemplares”, comenta Edilson Silva, que
também preside do PSol em Pernambuco.
Atenção aos sinais das ruas
Diferentemente de outras legendas de esquerda, que não têm projetos além da
difusão de ideologia, o PSol aposta na via institucional para avançar. Na
avaliação do professor e cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação
Joaquim Nabuco, o partido precisa fortalecer lideranças para voos mais amplos.
Ele lembra que o PT levou “uma geração” para se firmar e que candidatos
petistas aos governos de diversos estados no início dos anos 80 ficaram entre
4% e 5%. “Lula em 1982, em São Paulo, não chegou a dois dígitos”.
Para
ele, a legenda, como as demais, precisam estar alertas para os sinais das ruas.
Aliás, sobre isso Edilson Silva diz que o partido busca processar as mensagens
dos protestos para tentar diálogo com os grupos presentes nas mobilizações. “O
interesse desse pessoal é ter voz nas decisões”, reitera.
Barreto
reforça observando que o grande legado do movimento é a mudança de atitude em
relação à participação. “Os segmentos que se mobilizam com demadas variadas não
aceitam mais assistir as decisões serem tomadas apenas por vereadores e
deputados. Isso é que é diferente e chegou para ficar”, avalia. “Os grupos
podem parecer fragmentados, mas se juntam quando surge um motivo que os une,
como foi na Copa das Confederações”, diz.
Luzes no PSol
Fundado em Brasília em julho de 2004
O registro definitivo é obtido em 15 de setembro de 2005
Concorre à Presidência da República em 2006 com Heloísa Helena, que fica em
terceiro lugar com 6,5 milhões de votos (6,85% do total).
No Congresso
Senador: Randolfe Rodrigues (AP)
Deputados federais: Ivan Valente (SP), Chico Alencar (RJ) e Jean Wyllys (RJ).
Prefeituras
Macapá (AP) e Itaocara (RJ)
No Recife, em 2012, Edilson Silva foi o terceiro candidato a vereador mais
votado, com 13.661 votos, mas não tomou posse por não ter atingido o quociente
eleitoral.
Fonte:
Josué Nogueira -
Diário de Pernambuco
26/08/2013
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