Se você imaginava
que o PT se resignaria em ser expulso das ruas pelos manifestantes que
convulsionam pedaços das maiores cidades do país, sinto muito, enganou-se.
Avalizada por
Dilma, a ordem foi emitida pela direção do partido: lustrem as estrelas guardadas
junto com antigas lembranças. Espanem a poeira das bandeiras rotas. Dispam-se
dos trajes de burocratas. Todos às ruas na próxima quinta-feira.
Pouco importa que o
“Dia Nacional de Luta”, que prevê passeatas e greves, tenha sido convocado
pelas centrais sindicais e movimentos afins.
O PT não amanhecerá
menor no dia seguinte só porque pegou carona em ato alheio.
De resto, é o
governo que tudo financia. Até mesmo o que poderá machucá-lo um pouquinho. O
peleguismo renovou-se. Mas não deixou de ser peleguismo.
Que palavras de
ordem gritará o PT? O que cobrará por meio de faixas e cartazes?
O governo
encomendou o apoio à reforma política elaborada por uma Assembleia Nacional
Constituinte exclusiva e submetida a um plebiscito. O PT entregará a encomenda.
Por absurda, a
ideia da Constituinte foi sepultada em menos de 24 horas. O plebiscito
naufragou por falta de tempo para que seus efeitos incidissem sobre as eleições
do próximo ano.
Dilma esperava
lucrar com uma reforma que lhe garantisse melhores condições de concorrer ao
segundo mandato. E que levasse o PT a emergir da eleição ainda mais forte.
Casuísmo descarado,
pois – não a reforma, necessária. Mas a pressa com que seria feita e a
tentativa de empurrar goela abaixo do Congresso pontos da reforma destinados a
agradar Dilma e o PT.
A insistência com a
Constituinte e o plebiscito trai o desejo de Dilma em responsabilizar o
Congresso pela reforma que ele não quer fazer. E denuncia o momento confuso e
delicado que o governo atravessa.
Uma pena o PT não
poder dizer aqui fora o que diz quando se reúne no escurinho do cinema. Ou
mesmo o que começou a dizer recentemente a Dilma.
A coragem muitas
vezes é movida pelo medo. E o PT receia perder o poder.
A política
econômica está uma droga. A culpa não cabe apenas a Guido Mantega – aquele que
Fernando Henrique chamou de “bem fraquinho” quando virou ministro da Fazenda do
governo Lula. Cabe também a Dilma – aquela que Lula apresentou como melhor
gestora do que ele.
Maluf elegeu Celso
Pitta prefeito de São Paulo pedindo para não votarem mais nele, Maluf, caso
Pitta fracassasse. Pitta fracassou. Lula não foi tão longe em relação a Dilma.
Aumenta a inflação.
Diminuem os investimentos. Desequilibram-se as contas públicas. Revisa-se para
baixo o Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do país.
O governo carece de
uma estratégia compartilhada por seus 39 ministros. Há ministros demais e
competência de menos. Em larga medida, o voluntarismo de Dilma é responsável
pelo mau desempenho da economia. Seu desprezo pelos políticos só lhe cria
problemas.
Lula montou uma
gigantesca coligação de partidos para eleger Dilma e ajudá-la a governar.
Esqueceu de escalar ministros aptos a cuidarem da articulação política.
Apostou suas fichas
em Palocci, posto na Casa Civil para escorar Dilma. Descobriu-se que ele se
tornara milionário enquanto fazia política. Acabou demitido.
A coligação ameaça
se esfarelar. A persistir a queda de Dilma nas pesquisas, ela será
abandonada.
O PT do passado
teria material de sobra para na quinta-feira ecoar a voz das ruas. O de hoje,
não. É apenas uma fotografia na parede.
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Blog do Noblat
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