PRECONCEITO SOCIAL
A arrogância de um magistrado e as redes sociais. Desembargador humilha
garçom, abusa de poder e acaba "linchado" nas redes sociais
O desembargador Dilermando
Motta, futuro presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio
Grande do Norte (TRE-RN), se envolveu numa confusão generalizada na manhã do
último domingo, na Padaria Mercatto que fica no cruzamento das avenidas
Nascimento de Castro com Romualdo Galvão, em Natal, tendo sido necessário a
presença de quatro viaturas da Polícia Militar para conter os ânimos.
O tratamento dispensado pelo desembargador ao garçom foi gravado em
vídeo com celular pelos clientes e ganhou enorme repercussão nas redes sociais. No dia 8 de janeiro, os clientes da Padaria Mercatto
vão realizar um evento em defesa dos garçons.
Dilermando Motta, que é evangélico, segundo inúmeros relatos dos
clientes, teria destratado um garçom, que não aceitou e o respondeu. O
desembargador deu voz de prisão ao garçom e chamou a Policia Militar para
conduzi-lo para ser autuado na Delegacia de Plantão por desacato a autoridade.
Os demais clientes da padaria se revoltaram com a atitude do membro do Tribunal
de Justiça do Rio Grande do Norte e teve início um grande bate boca.
Uma senhora e um senhor saíram em defesa do garçom. O desembargador
teria pego uma cadeira para se defender e dito que os dois estavam endiabrados.
O senhor forte gritou com o desembargador e também terminou recebendo voz de
prisão. Dilermando Motta ligou novamente para o comando da Policia Militar e
exigiu a presença de mais 3 viaturas da Policia Militar para conduzir os
presos. A revolta dos clientes da padaria aumentou.
O reforço da Policia Militar chegou e os clientes da padaria e outras
pessoas que estavam perto não deixaram os policiais militares conduzirem o
garçom e nem o senhor forte que saiu em defesa dele.
Leia abaixo o depoimento de Ricardo Sousa enviado ao blog do
jornalista Luis Nassif.
Bom dia, caro Luis Nassif. Sou leitor assíduo do seu blog e venho
utilizar esse espaço para relatar um fato ocorrido em Natal (RN) no último
domingo (29), que retrata com muita clareza o nível de afastamento que os
juízes e desembargadores têm da realidade social e da boa convivência com a
cidadania. Vamos ao fato.
Domingo pela manhã, na ensolarada Natal, várias pessoas tomam café na
padaria Mercatto, um dos mais bonitos e aconchegantes espaços para uma boa
refeição matinal na minha cidade. Pessoas das mais variadas atividades se
encontram no local. Nesse domingo, especialmente, a casa astava lotada, pois
estamos em final de ano e vivemos uma época de reencontro e confraternização
familiar.
Em uma das mesas encontra-se o desembargador Dilermano Mota, futuro presidente
do TRE (Tribunal regional Eleitoral), juntamente com sua família e amigos. O
filho do magistrado pede água, e o mesmo, gelo. O garçom, que procurava atender
da melhor forma as várias mesas ocupadas, tenta cumprir sua missão. No entanto,
a autoridade reclama que queria a água em copo de vidro e que ele não tinha
trazido o gelo. O funcionário se afasta para refazer, ou melhor contornar o
problema, e é seguido pelo desembargador, que, aos gritos, humilha o rapaz,
exige que o mesmo olhe em seus olhos, afirma que é uma autoridade e que pode
prendê-lo. E, na frente de todos, dá um show de autoritarismo, falta de
educação, falta de respeito ao próximo e outros requisitos que são
indispensáveis a um cidadão e fundamentais a um membro da Justiça.
Um cidadão que se encontrava à mesa vizinha se revolta com o fato, e
imediatamente, intervém e protesta aos gritos, afirmando que não aceitaria esse
tipo de humilhação a que estava sendo submetido o garçom. Nesse momento várias
pessoas já filmavam o ocorrido e a situação ficava cada vez mais séria.
O magistrado disse que iria prender o cliente, e chamou a polícia. Em
pouco tempo quatro viaturas, isso mesmo quatro viaturas, vieram cumprir a
missão. O desembargador, aos gritos, exigia ao oficial que prendesse o cidadão.
No entanto, os clientes se rebelaram e, em coro, disseram que quem deveria ser
preso era o senhor juiz, ao ponto de uma senhora abraçar o cidadão e afirmar ao
policial: “se for prendê-lo, vai me prender também”.
A cena de autoritarismo ocorria agora do lado de fora, onde o
desembargador afirmava ao tenente que tinha sido desacatado ao mesmo tempo que
o chamava de “cagão” por não cumprir sua ordem. Acuado, mas protegido por uma
rede de cidadania, o cliente ficou dentro do estabelecimento e, com a ajuda de
alguém, saiu do local.
Aí, começou o outro lado da história. As deploráveis cenas se alastraram
nas redes sociais, a sociedade se solidarizou com o senhor Alexandre Azevedo.
Empresário de 44 anos, que só depois do ocorrido veio saber quem era a pessoa
que tinha enfrentado. Recebeu apoio e emitiu uma nota, em que relata o fato.
O desembargador sentiu o golpe da velocidade da informação e tentou se
explicar, minimizando o ocorrido com o funcionário e atribuindo o ocorrido a
forte reação e destempero do cliente. A padaria emitiu um comunicado
vaselinado, em que disse tudo para ficar em cima do muro e não se comprometer.
A comunidade natalense em peso apoia o garçom da Mercatto, que foi
colocado de folga para descansar enquanto a poeira baixa.
Mais um triste episódio protagonizado pelos imperadores da Justiça, que
se acham mais importantes do que todos. No entanto, a sociedade a cada dia se
revolta com essas atitudes, e reage mostrando que já não suporta esses atos.
FONTE: Portal Redação Pragmatismo
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