A vida de qualquer povo considerado
civilizado não pode prescindir de um ambiente onde seja possível, em
plenitude, o exercício direto e indireto da democracia, em todos os seus
ditames. Não existe a mínima possibilidade do desenvolvimento
civilizatório se realizar sem que os fundamentos desse processo possam
se solidificar através da participação do povo na construção da
consciência social. Essa consciência é formada por um conjunto de
condições objetivas que formam uma comunidade nacional, onde a mesma se
reflete.
Haverá
sempre modalidades de consciências opostas; umas interessadas na
conservação do estado de coisas presente, outras, procurando derrogá-lo.
Mas, tratando-se de um país em fase de intensificação do processo de
desenvolvimento econômico, como o Brasil de nossos dias de crise
profunda, essa luta se reveste de maior intensidade.
Esclarecer a questão da origem e das
formas de consciência da realidade nacional não é matéria de
dissertação acadêmica, mas diz respeito à nossa própria situação
pessoal, pois temos de tomar partido em face das circunstâncias que nos
envolvem. Logo, devemos concordar com um dos modos de pensar que já
encontramos formulados por outrem ou criar para nós mesmos uma
interpretação ante a quadratura que se nos apresenta, porque
necessitamos ter consciência da teoria da consciência com que
enfrentamos a realidade presente.
Ninguém desconhece a magnitude da
crise brasileira, inclusive de consciência, porque a nação experimentou
um período de governo com ínfimas características de popular, mas que
desembarcou no salão dos passos populistas, onde os
mecanismos de distribuição de renda se tornaram instrumentos de
aparelhamento político-partidário do Estado brasileiro, sob o comando do
PT e do PMDB que, por nunca terem ajustados os passos, começaram a derrapar no mesmo salão, sobrando para o PT a crucificação por meio do Impeachment, como chancela golpista, não contra o governo petista, mas uma ardilosa ação contra a Constituição e as instituições brasileiras.
O cenário de crise intensa não nos
levará a viver uma quebra institucional a ponto e níveis de não podermos
exercitar o pátrio dever de votar para a escolha de comando da
Presidência da República; eleição dos congressistas, governadores e
parlamentares nos entes federativos. Mas, reconheça-se, haveremos de
saudar a um grupo de escolhidos sem nenhum perfil essencialmente
republicano, em razão do despenhadeiro de consciência política quase-zero a
que fomos jogados nos últimos ciclos de governos eleitos
democraticamente, todavia sem programas de consistência e consciência
nacionais. Meros ajuntamentos de forças políticas de olhos no aparelhão
estatal do Brasil.
Então, as evidências minimamente lógicas, nos apontam um anoitecer do dia 07 de outubro, com o lacrear e a imediata abertura das urnas, como
sendo um presságio a inaugurar um momento de imensas dificuldades no
terreno político e econômico, pois, o perfil da maioria dos futuros
governantes, sem erro de pensar, e dos parlamentares, em todas as
esferas do país, será muito temerário e de pouco compromisso com a vida
das maiorias excluídas, uma vez que, a representação da vontade popular
manifestada por meio do voto, virá ornamentada com os sentimentos da
consciência de revolta, desprezo, descrédito, desconfiança e de
criminalização da política, porque a cidadania está fragilizada
e, com isso, poderá triunfar a faixa social da soberba, do ódio,
dasdiscriminação racial e homofóbica, os escravocratas e financistas da
República dos Fanfarrões.
Por Petrônio Alves
Advogado e Jornalista
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