Foi em clima de tensão que o Presidente do Supremo Tribunal Federal
(STF), Ministro Joaquim Barbosa, recebeu segunda (08.04) os dirigentes
de entidades de classe da magistratura. É o primeiro encontro desde que
Barbosa começou sua gestão, em novembro do ano passado. A audiência
ocorreu no gabinete da Presidência do STF e foi marcada por duras
críticas aos dirigentes classistas.
Em pelo menos duas vezes, os ânimos se acirraram e Barbosa determinou que os convidados baixassem o tom de voz ou só se dirigissem a ele quando solicitados, além de criticar a presença de pessoas que não foram chamadas. A audiência estava sendo pleiteada há meses para apresentação das demandas corporativas, mas a relação estremecida entre Barbosa e as associações dificultou a aproximação.
Em pelo menos duas vezes, os ânimos se acirraram e Barbosa determinou que os convidados baixassem o tom de voz ou só se dirigissem a ele quando solicitados, além de criticar a presença de pessoas que não foram chamadas. A audiência estava sendo pleiteada há meses para apresentação das demandas corporativas, mas a relação estremecida entre Barbosa e as associações dificultou a aproximação.
Recentemente, Barbosa provocou reação das entidades ao falar, durante
sessão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que há conluio entre
juízes e advogados. O presidente do STF e do CNJ também marcou posição
contra a criação de quatro novos tribunais federais no país. O projeto
foi aprovado na semana passada pelo Congresso Nacional e teve como
grande articuladora a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe).
Ao falar do assunto com o presidente da Ajufe e com os dirigentes da
Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e da Associação Nacional
dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Barbosa disse que a
expansão da Justiça Federal foi articulada “sorrateiramente”, “na
surdina”. Para Barbosa, os senadores foram induzidos a erro, pois nenhum
órgão do Estado foi ouvido e não houve estudo sério sobre o impacto
financeiro da medida, que segundo ele, é de cerca de R$ 8 bilhões.
“A visão corporativista distorce as coisas. A Justiça Federal está
crescendo de forma impensada e irracional”, disse, acrescentando, de
forma irônica, que os novos tribunais seriam criados perto de resorts. O
ministro fez referência a outro embate recente com as entidades de
classe, quando o CNJ proibiu patrocínios privados em eventos promovidos
pelas associações. Na maioria das vezes, eles ocorriam em resorts e com
sorteio de brindes.
Logo no começo da audiência, os magistrados disseram que traziam
propostas para fortalecer o Estado Democrático de Direito, o que
provocou reação de Barbosa. “O senhor acha que o Estado [Democrático] de
Direito no Brasil está enfraquecido? Temos seguramente a democracia
mais sólida da América Latina. Me causa estranheza pedido para que não
haja enfraquecimento”, rebateu.
Barbosa disse que o STF já tem prestígio por si só e recusou os
elogios por ter relatado a Ação Penal nº 470, o processo do mensalão.
“Estou há dez anos nesse Tribunal, foi apenas o processo mais
retumbante. Nesse, como em milhares, agi da mesma forma. Só suscitou
mais interesse. Não teve nada de extraordinário em relação ao meu modo
de agir”.
Também houve mal estar quando Barbosa citou as investidas das
entidades contra o CNJ e quando ele criticou a tática de usar a imprensa
para atacá-lo. “Quando tiverem algo a acrescentar, antes de irem à
imprensa, dirijam documento à minha assessoria, não vão primeiro à
imprensa para criar clima desagradável”, disparou. O ministro ainda
disse que as associações “não podem fazer só o que interessa à classe,
mas o que interessa a todo o país”.
Os únicos pontos de aparente convergência foram a necessidade de
mudanças na legislação penal para evitar impunidade, o fim de critérios
subjetivos para promoção de juízes ou nomeação de ministros e
desembargadores e abertura de discussão sobre a retomada do adicional
por tempo de serviço, medida que pode evitar o abandono precoce da
carreira pelos juízes.
Segundo as associações, juízes que podem se aposentar aos 70 anos
estão deixando a carreira, em média, aos 56 anos, pois não têm
perspectiva de crescimento e preferem se aposentar. Segundo o Presidente
da AMB, Nelson Calandra, só no ano passado mais de 530 juízes deixaram
seus postos, provocando déficit de mão de obra e acúmulo de trabalho.
Débora Zampier
Repórter
Fonte: Agência Brasil
Repórter
Fonte: Agência Brasil
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